MAR PORTUGUEz

“ Ali vimos a veemência do visível

O aparecer total exposto inteiro

E aquilo que nem sequer ousáramos sonhar

Era o verdadeiro”

Sophia de Mello em referencia a carta de Pero Vaz de Caminha.

O destino do homem se confunde com o seu país : ambos são simultaneamente realização e frustação encontro e desencontro , ensombramento e descobrimento. Foi justamente o que senti ao cruzar o atlântico em direção ao antigo continente e a patria lusitana que carregamos conosco. O espanto do olhar inicial o maravilhamento perante a diferença a veemência do real mais belo do que o imaginado. Acredito que tenha sido isso que mobilizou Pero Vaz de caminha e Cabral ao chegarem em terras americanas.

Uma capital branca banhada de luz , Lisboa , uma melancolia no ar de quem ja foi uma potência mundial. O dia em que as navegações comandavam o mundo e a cultura marítima do pais ibérico.

Objetivo Algarve local de culturas próprias e do infinito horizonte que o mar nos proporciona. Ao sul, navegar para o desconhecido, uma imaginação do primeiro olhar. Sagres a cidade onde a escola de navegação tinha sua base, o cabo de São Vicente que presenciou caravelas partindo e batalhas entre civilizações.

Dentre andanças para a descoberta de um novo olhar me perco por falésias e campos infinitos rodeados pelo mar e rochas brancas cinzas e listradas. O mar fica a 100 metros abaixo da terra. A altura costeira eleva o nivel da superioridade humana, onde o mar se esconde do sol. A praia é o lugar de chegada junto ao mar, chegamos pelo mar e pelo mar regressamos.

Buscando a expansão marítima desci na praia da Telheira que achei pelo mapa, surfe em aguas geladas, deixando meu sangue frio e calmo assim como o cheiro das algas que pulsavam no meu nariz. O sol das 10 refletiam em um atlântico viscoso e com ondas até cansar. O vento não sopra essa época do ano o mar e o cabo parecem calmos a revolta ultramarinha regional.

Longos dias dentro da agua salobra, banhando-se de mar. Andando por cantos ainda não descobertos alinhando-se a lógica de descobridores alem do atlântico. Acompanhado a bordo de uma single fin um longjohn algumas parafinas e uma bolsa de café. Estradas desertas cidades brancas ao litoral algarve nos surpreende seja na cultura marítima seja em alimentos salgados de diferentes hábitos.

“ Ele porem dobrou o cabo e não achou as índias

e o mar o devorou como instinto de destino que há no mar.’ Sophia de Mello

Demian Jacob

outubro 2015.

Fotografado com leica m6 e negativo HP5 Ilford, revelado manualmente em estúdio no Rio de Janeiro.

Parte da Publicação Mar Portuguez.

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